sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Uma descoberta em duas partes


não sei se é por teimosia ou medo
que cismo em dar as costas pro futuro
e me encarar feia, feito uma adoração à penitência
como se isto me fosse uma gloriosa e justa salvação:
a iluminada liberdade do pecador.

mas acontece
que eu descobri
como se fosse proibido, eu descobri

que assim é fácil.


e aí
desta vez eu não briguei comigo.


Sem maus tratos, posso me ouvir
sabe, descobri um lugar lindo
- pois é, em mim há lugares assim também -
tranquilo, suave, leve
( porém não menos vívido )
e nele ponho-me a trabalhar o que ainda não sei
sem pressa de entender
meu futuro não me espera
ando com fome, porém não insaciável
tentar engolir o mundo é devastador
- já não preciso lidar com esta frustração
então, um pouquinho de mim a cada gole
eis aqui meu gosto
quanta propriedade se precisa para usar "meu"?
não serei dona de mim - não quero
mas trabalho para me olhar
e então

olhar para frente.


-