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Dente de dor
Junto à lágrima que
Escorre...
Doída, doída, coitada
Chega ao queixo sem esforço
E os dentes ali, arreganhados
Joelhos no chão
Berros no teto
A culpa e o sofrimento
Repartindo o mesmo cômodo
Parede-teto-chão
A tinta que cobre a poesia
O lado da cama agora é meio
A parte que foi parte o que fica
Mas se o que fica é o fim e é no fim que se acaba
Não se pode reparar o que partiu
Porque o que parte já não há
E o que não há já não pode se partir
O preço da moradia é o choro
Lá se vem uma outra lágrima de companhia
E mais outra, e outra...
Todas rolando na dor, juntas
Compadecendo-se entre si
A segunda vê a primeira se suicidando olho a fora
E atrás se também joga
Toda gota nasce pra morrer
E se a traição humana existe
As lágrimas sabem reparar por nós:
Elas secam na fidelidade.
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