sábado, 14 de fevereiro de 2009

Escre(vi)vendo...


Minha relação com a escrita é estranha. Ver aquela folha de papel em branco, só esperando a minha pincelada para tomar qualquer forma, me faz sentir uma mistura de horror com vontade. Tipo um pânico passional. A insegurança de não saber exatamente o que fazer com tantas coisas a serem ditas me agoniam, a falta de palavras para expor integralmente a minha bagunça sentimental em forma de letras me é quase dilacerante... Quase, por um impulso qualquer, salto da cama e jogo a caneta longe, na desistência vitoriosa. Mas não. À isso eu digo não, à isso o meu não é consistente o suficiente para se opor à qualquer medo. A escrita é, dentre alguns outros, o lugar onde eu me encontro. O lugar onde o direito de dizer NÃO me é concedido por mim mesma sem nem pestanejar, é onde há a afirmação do divino conectado à linguagem humana...
Na escrita, sou feliz por ser amadora. Sou feliz por poder errar, sou feliz por falar sobre o que bater em meu coração, sou feliz por poder dizer não... Sou feliz por falar: "Ok, Sr. NÃO, agora o senhor pode se expressar!"


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12 comentários:

thi disse...

se expressar!
é maravilhoso poder conversar com você mesmo, expor suas idéias e discutí-las com o seu 'eu'.

sem medo de errar. muita coisa há conserto. e, se arrepender do que apagou ou não disse, não tem conserto.

bjo ju

- disse...

Para mim, escrever é ensaiar uma magia menor e, como você deve saber, o instrumento dessa magia, a linguagem, é assaz misterioso. Cada palavra é um pequeno gesto e uma pequena ferramenta em todo este ritual; cada palavra é um símbolo capaz de despertar em pessoas diferentes emoções iguais, ou, em pessoas iguais, emoções diferentes.

Comecei a escrever quando tinha seis ou sete anos e lembro que meu pai nunca interferia; queria que eu cometesse todos os meus próprios enganos e uma vez disse que se eu realmente desejasse dominar as letras precisaria me permitir os lugares comuns, a repetição e todos os outros erros. Afinal, um estilo é feito de tudo isso: dos hábitos sintáticos, do gosto por certas cadências na prosa ou no verso e, também, da reiteração de certos temas.

Por isso, concordo que podemos nos sentir felizes por sermos amadores - amadores e detentores de penas livres.

De qualquer modo, concordo com Borges que disse que cada palavra é uma obra poética e que uma forma de felicidade é a escrita, alias, foi ele que me revelou o poder da escrita - o fato de que as palavras não são apenas um meio de comunicação mas também símbolos mágicos e música.

Mas enfim, belíssimos sentimentos, Juliana!

.parambolicalalande. disse...

certa vez ouvi de um personagem o seguinte: os escritores têm todos os direitos.

assim é vc, assim somos nós!

ps: assim são os nosso encontros, poesia e pizza de chocolate hahahha essa foto ficou linda! arrasei hauhauhauahuahuaha

Joyci Dias disse...

Eu escrevo pra não machucar, mas talvez não funcione. É como uma válvula de scape, eu tenho que escrever pra não explodir e é quando todas as minhas vontades e as minhas verdades de uma forma ou de outra, transbordam. E assim vou sendo feliz, livre.


ps: Desculpa por invadir o seu cantinho.

Guilherme Jarreta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme Jarreta disse...

O problema não é o 'NÃO'.
O medo mora na delimitação de sentido.
Quando a gente escolhe, nem que sejam palavras, acabamos por abrir, nem que seja momentaneamente, de todos os outros sentidos do mundo...
Falta é coragem pra se permitir optar e correr o risco de nem sempre atender às expectativas.. E essa mesma coragem... no fim é ela que caminha para a felicidade, já que é essa coragem que te permite ser você mesma.... O papel? É só mais uma das máscaras que você usa pra tentar se proteger e se enganar.. Se enganar, afinal, por mais que o que é escrito esteja estático, como resultado nos deparamos ao fim com o que conhecemos por vida!

Alonso Zerbinato disse...

"Na escrita, sou feliz por ser amadora."

Isso é lindo demais. E sobre esse mesmo amadorismo, livre e infinito, o Quintana dizia assim:

"...Eu acho que todos deveriam fazer versos. Ainda que saiam maus, não tem importância. É preferível para a alma humana, fazer maus versos a não fazer nenhum. O exercício da arte poética representaria, no caso, como que um esforço de auto-superação. É fato consabido que esse refinamento do estilo acaba trazendo necessariamente o refinamento da alma."


Beijo.
Ps: Eu sei que um dia você ainda vai dar uma passada no meu cantinho e deixar meia dúzia de palavras bem escolhidas.

Lara Gay disse...

eu conheço esse espelho, eu conheço esse mural, eu conheço essa pizza... eu conheço essa alma!!


eu te amo.

Anônimo disse...

transcrever emoções, um papel, uma caneta, e o tempo...
Que Deus te ilumine, Beijos

Unknown disse...

Oi Juliana, tudo bom?
Gostaria de saber o telefone do seu empresário. Estou precisando orça um trabalho urgente.

Atenciosamente,

Vanessa Costa
upproducoes@fortalnet.com.br

Unknown disse...

Dentro de mim se formava um serzinho, que crescia a cada mês, transformando meu corpo e minha alma, mudando meus sentidos e meu rumo, o sentimento de abandono e o medo do futuro se renderam a magia do seu nascimento.Lágrimas e mais lágrimas me vinham aos olhos no nosso primeiro encontro...uma menina!!! Era o que eu queria, uma menina!!!Meu amor, meu orgulho, minha menina , meu eterno bebe...eu sabia que vc seria alguém muito especial, e fico feliz de ter contribuido de certa forma na construção desse ser . Bebes não vem com bulas, o amor é que nos conduz ,as vezes acertamos e outras erramos, mas sempre com amor , com muito amor!!!Parabéns querida, vc é fantástica!!! Te amo!!!

Marina disse...

Ju, vc descreveu os meus sentimentos.Cheguei a conclusão que não temos para onde fugir, a escrita corre na veia lohmann...é ó olhar em volta!
beijos e saudades!
Marina